quinta-feira, 11 de julho de 2013

Partilhas existencialistas


Pontos de reflexão:
- A Vida tem um tempo limitada.
- A morte é certa e cada segundo que passa se encontra mais próxima.
- O que é dar a vida? Dar a vida por alguém não é também darmos-lhe o nosso tempo?
- Por quem daria a vida/o meu tempo de vida?
- Que diferença faz essa noção, de preciosidade e limitação de tempo, na minha vida e nas minhas escolhas?

Inês)" A morte é certa e o tempo é limitado. A vida não é curta nem longa, é o que é.
Tantas vezes é atravessada pelo pensamento limite, quando deparamos com o sofrimento do outro, ou quando encontramos encantamento em alguém: dava a vida por esta pessoa? O que é dar a vida por alguém?

Tiago) A morte é certa, tão certa como a própria vida. Mas não deixa a morte de estar em cada instante tão mais próxima como a própria vida?!
Creio que o cerne desta questão está directamente ligado à criação de um estado consciente e a partir deste, a vida torna-se plena e inteira. Sempre consciente que o próximo momento pode ser o último.

Inês) Ainda assim, tendo noção de que o que já vivemos é inalterável, de que o momento em que respiramos – agora – é o momento sempre inicial da vida, tudo pode ser mudado.
Tomamos consciência e realizamos – o tempo que temos pela frente é limitado e a vida que trazemos dentro pode ser dada ou guardada para a eternidade. Sendo que se for guardada de matéria orgânica não passa...
A linha temporal, ainda que não exista mesmo um tempo a seguir a um tempo*, existe. E esta incoerência coabita.

Tiago) Eu daria a vida a uma pessoa, mas teria de conhecer a sua essência, o seu “trabalho de vida” – quem é o seu coração. Tudo isso fica impresso naquilo que a rodeia.
Afinal o mundo também pode falar por nós, tendo de alguma forma uma projecção limpa de nós próprios. Creio que daria por amor a minha vida, se de amor se tratasse esse ser.

Inês) Pensamos em dar a vida normalmente de uma forma objectiva – perder a minha vida para dar ao outro. Pôr-me em perigo por alguém, arriscar o meu corpo, doar um orgão... algo que no auge do radicalismo vida/morte nos faça heróicamente escolher alguém como digno da minha não-existência, em prol da sua.
Penso também em dar a vida de outras formas. Apercebendo-nos da limitação do nosso tempo damos a vida ( a nossa vida, limitada ao tempo que nos será permitido viver) através do tempo passado com o outro.
Este já ninguém nos devolve. Foi e já não será mais um tempo nosso. Foi dado por nós, através da escolha do que fazemos e de com quem estamos. Essa escolha trilha os caminhos da nossa vida e põe-nos perante uma questão: Sinto que quando estou com as pessoas com quem escolho estar me é tirado tempo, ou pelo contrário, é tempo ganho?”


Conversa sem fim. Não há respostas certas, há respostas em aberto.


Ser ou não ser, eis a questão.
By: Inês e Tiago

* Teoria da Relatividade de Albert Einstein.